Cinco Minutos

     O que pôs tudo a perder em minha vida foram aqueles cinco minutos.
     Para variar, o trânsito na cidade de São Paulo estava caótico. E eu desesperada, presa dentro de um táxi, no trânsito, tentando chegar ao aeroporto. Os carros pareciam não andar, mas, em compensação, o tempo voava.
     Eu não podia deixar que ele partisse, era o amor da minha vida. O tempo foi passando e eu fui ficando cada vez mais desesperada dentro daquele veículo.
     Quando meu táxi estava próximo ao aeroporto, paguei a corrida, desci e resolvi ir a pé. Talvez chegasse mais rápido.
     Corri o máximo que pude, andei ainda por várias ruas e finalmente cheguei ao meu destino. Entrei e fui ao balcão de informações, onde uma jovem me informou que os passageiros do voo ao qual ele pertencia já estavam sendo chamados para a área de embarque.
     Corri até lá e encontrei-o, a tempo de impedir que fosse morar em outro país, tão longe de mim. Se atrasasse cinco minutos, talvez ele tivesse embarcado.
     Malditos cinco minutos. Aqui estou eu, hoje, anos depois, no escritório de um advogado, entrando com o pedido de divórcio.

Microconto escrito em 2001.

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